Alimentos ultraprocessados são aqueles que, como o próprio nome sugere, passam por diversas etapas de processamento e contêm uma série de ingredientes químicos, como aditivos, conservantes, corantes, aromatizantes artificiais, entre outros. Por isso, quando consumido em excesso, pode trazer riscos à saúde.
Apesar de grande parte dos produtos industrializados serem ultraprocessados, nem todos os alimentos produzidos em fábricas passam por todas essas etapas de processamento ou possuem aditivos químicos.
“O número de ingredientes, por si só, não define se um alimento é ultraprocessado. O importante é a qualidade dos ingredientes”, afirma Verônica Dias, nutricionista integrativa e farmacêutica do Instituto Nutrindo Ideais, de Niterói, no Rio de Janeiro.
“Alimentos minimamente processados podem ter mais de três ingredientes, desde que sejam naturais ou derivados diretamente de alimentos naturais, sem aditivos artificiais”, acrescenta.
Alimentos ultraprocessados versus alimentos industrializados: como diferenciar?
Para considerar um alimento ultraprocessadoa melhor maneira é ler a lista de ingredientes no rótulo do produto.
“Se uma lista de ingredientes contém muitos itens químicos ou pouco reconhecíveis, é provável que seja ultraprocessado. Outra dica é que quanto o produto tem uma lista enorme de ingredientes, devemos desconfiar”, orienta Dias.
Alguns exemplos de características presentes em um alimento industrializado são:
- Aditivos químicos (corantes, conservantes, aromatizantes, emulsificantes, estabilizantes);
- Ingredientes derivados de alimentos (óleos hidrogenados, maltodextrina, xarope de glicose, proteínas isoladas, amidos modificados);
- Ausência de ingredientes frescos ou minimamente processados;
- Sabor, textura ou aroma que não poderia ser obtido de forma natural (como, por exemplo, os refrigerantes e salgadinhos de pacote);
- Embalagem que promove o produto como “pronto para consumo“ou”vida útil longa“;
- Lista de ingredientes com nomes desconhecidos ou complexos (como, por exemplo, “glutamato monossódico”).
Já um alimento industrializado não é considerado ultraprocessado, segundo um nutricionista, se:
- Conte apenas ingredientes naturais ou minimamente processados (como grãos, leite, sal, água ou fermentos);
- Não inclui aditivos artificiaiscomo conservantes, corantes, realçadores de sabor ou estabilizantes.
“Por exemplo, um pão integral feito apenas com farinha integral, água, fermento e sal é processado, mas não ultraprocessado, mesmo contendo mais de três ingredientes. Já um pão com conservantes, aromatizantes e estabilizantes é considerado ultraprocessado”, explica Dias.
11 alimentos que parecem ultraprocessados, mas não são
Existem diversos alimentos industrializados que, embora tenham passado algum tipo de processamento, não são considerados ultraprocessados, pois preservam ingredientes naturais e não contêm aditivos artificiais.
“Esses alimentos podem ser consumidos com moderação e fazer parte de dietas balanceadas”, afirma Dias. De acordo com um especialista, são eles:
- Iogurte natural (leite e fermento lácteo);
- Queijos tradicionais (mussarela, minas e parmesão, compostos por leite, sal e coalho);
- Leite pasteurizado ou UHT sem adição de açúcares ou sabores artificiais;
- Grãos e leguminosas embalados (feijão, grão de bico, ervilha, milho e lentilha enlatada ou em sachês, quando conservados apenas em água e sal);
- Massas simples (macarrão comum ou integral composto apenas de farinha e água);
- Farinha e cereais (farinha de trigo integral ou aveia em flocos sem adição de açúcares ou aromatizantes);
- Proteínas enlatadas (como sardinha ou atum conservadas em óleo ou água, sem conservantes ou realçadores de sabor);
- Óleos e gorduras (azeite de oliva extra virgem ou óleo de coco puro);
- Sucos integrais 100% fruta, sem açúcar ou conservantes;
- Pães artesanais ou integrais (feitos com farinha, água, fermento e sal);
- Polpa de frutas congeladas sem adição de açúcares.
“Esses alimentos são boas opções para dietas, pois preservam o valor nutricional e evitam os riscos associados ao consumo de ultraprocessados. A melhor maneira de verificar isso é lendo o rótulo para garantir que não há aditivos ou ingredientes desnecessários”, orienta Dias.
Riscos dos alimentos ultraprocessados à saúde
Ó O consumo de alimentos ultraprocessados traz diversos riscos à saúde. Segundo um nutricionista, entre eles há maior probabilidade de doenças metabólicas e obesidade, doenças cardiovasculares, doenças crônicas e alterações na microbiota intestinal.
O especialista explica que isso acontece porque são alimentos com alta densidade calórica, excesso de sódio e gorduras saturadas e com baixo teor de fibras. Além disso, alguns estudos sugerem que o consumo desse tipo de alimento pode aumentar o risco de câncer, “especial de mama, cólon e reto, devido à presença de compostos como nitritos, nitratos e acrilamida”, segundo Dias.
Recentemente, um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que o Brasil gasta, por ano, pelo menos R$ 10,4 bilhões com as consequências do consumo de alimentos ultraprocessados para a saúde da população. São despesas diretas com tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), custos por atraso precoce e licença médica.
O trabalho atualmente dos gastos federais com as três doenças crônicas mais prevalentes e atribuíveis ao consumo excessivo de produtos ultraprocessados: obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial.
Além disso, o estudo apontou que, somente em 2019, foram cerca de 57 mil mortes prematuras pelo consumo de ultraprocessados, o equivalente a seis mortes por hora ou 156 por dia.
Ultraprocessados podem dificultar a luta contra células de câncer