Uma em cada oito mulheres pode desenvolver câncer de mama, diz especialista


Ó câncer de mama é o segundo mais comum nas mulheres, ficando para trás apenas do câncer de pele não melanoma. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve ter cerca de 73 mil novos casos para o triênio 2023 a 2025. De acordo com Artur Katz, diretor de oncologia do Hospital Sírio-Libanês, a estimativa é de que uma em cada oito mulheres podem desenvolver câncer de mama ao longo da vida.

Katz é um dos convidados do “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista”deste sábado (28) que, com a proximidade do Outubro Rosa, traz o câncer de mama como tema central. Para falar sobre a doença, explique os principais fatores de risco e tratamentos disponíveis, o Dr.Roberto Kalil recebe, também, Fernanda Barbosa, mastologista Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).

Segundo os especialistas, nem sempre é possível saber a origem da doença. “Em cerca de 5 a 10% dos casos, existe um componente hereditário, ou seja, uma pessoa herda uma mutação que predispõe ao desenvolvimento do câncer de mama. Mas em 85 a 90% dos casos, não somos capazes de identificar com clareza qual é a causa da doença”, diz Katz.

Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da doença, estão o tabagismo durante a adolescência, período em que as mães são formadas, uma obesidade e o sedentarismo. Além disso, de acordo com o oncologista, mulheres que nunca engravidaram e que nunca amamentaram também apresentam maior risco para o tumor.

Por isso, os especialistas defendem sempre a importância de adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e prática de exercícios físicos, e realizar regularmente os exames de prevenção. Segundo Fernanda Barbosa, a mamografia anual a partir dos 40 anos ainda é a maneira mais eficaz de detectar o eventual surgimento da doença de maneira precoce.

“O ideal é que a gente não tenha sintoma. O que a gente quer é rastrear a população, que a gente faz diagnóstico precoce, e diagnostica lesões não palpáveis”, orienta. Segundo o mastologista, esse é o principal motivo pelo qual o foco das campanhas preventivas deixou de ser o autoexame, atualmente.

“Hoje, a gente chama de ‘autoconhecimento das mamas’. Isso não quer dizer que a gente não indique o autoexame. O problema é que às vezes algumas mulheres deixaram de fazer o rastreamento ou deixaram de ir ao médico porque perderam que estavam fazendo o autoexame mensalmente e que aquilo era suficiente. E o autoexame só diagnostica lesões palpáveis, e o que a gente quer é lesões não palpáveis”, explica.

Tratamento do câncer de mama deve ser individualizado

Segundo os especialistas, o tratamento do câncer de mama é feito de forma individualizada. “Câncer de mama não é tudo igual, é individual. Hoje, cada vez mais a gente baseia o tratamento no subtipo. A gente tem praticamente quatro tipos de câncer de mama. Dependendo do tipo de câncer e do estadiamento, esse paciente receberá uma modalidade de tratamento específica, seja ela cirurgia, remédio, ou radioterapia”, diz Barbosa.

Os especialistas comentam, ainda, que a alternativa da mastectomia preventiva — que ganhou fama depois que a atriz Angelina Jolie passou pelo procedimento em 2013, após descobrir uma mutação genética que elevava muito suas chances de desenvolver o câncer de mama.

“São casos específicos em que pessoas fazem teste genético, esses pacientes têm alto risco de desenvolver câncer de mama ao longo da vida. Faz um teste de sangue ou de saliva. Diagnosticada a mutação — as mais comuns são BRCA-1 e BRCA-2, que aumentam o risco de 60 a 80% ao longo da vida — uma das opções é fazer uma mastectomia bilateral redutora de risco, para que a gente reduza em 90 a 95% de chance de ela ter a doença”, explica o mastologista.

No entanto, o risco não é zero após o procedimento preventivo. “Isso porque depois da cirurgia pode haver resíduo da aréola ou tecido fora daquilo que a gente chama de mamãe. Existem questões relacionadas à própria técnica cirúrgica. A gente vê que algumas mulheres passam por uma cirurgia profilática, mas que acaba preservando um pouco de tecido mamário. É importante que ela saiba que ainda há um pouco de tecido mamário, porque senão ela pode parar de fazer o envio e existir um risco”, afirma Katz.

Por outro lado, as chances de cura são altas quando a doença surge precocemente. “Hoje, 95% dos pacientes com câncer de mama inicial vão ficar curados. (Mas) A gente não pode romantizar o processo. É um processo difícil receber o diagnóstico, mas também não pode fantasiar e achar que é uma sentença de morte”, diz Barbosa, que além de mastologista, já teve câncer de mama.

“Esse é um diagnóstico que carrega um estigma muito grande. Então, o primeiro ponto é desmistificar. E principalmente entendo que o tratamento não é uma penitência. Ela não vai ficar boa porque sofreu muito. Pelo contrário, o que a gente deseja é carregar essa mulher no colo ao longo do tratamento, seja ele qual for, para que ela não tenha nenhum sofrimento doloroso e fique boa no final. E é um objetivo realista nos dias de hoje”, finaliza Katz.

O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 28 de setembro, às 19h30, na CNN Brasil.

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Fonte: CNN Brasil

Victor Carvalho:
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