Ó governo da Ucrânia pediu aos cidadãos que vivem em territórios ocupados pela Rússia para darem as costas ao que chamaram de “pseudo-eleições” de Moscou, que acontecem neste domingo (17) e que devem levar Vladímir Putin ao cargo de presidente por mais seis anos.
Para Kiev e os seus aliados internacionais, a votação é vista, entre outras coisas, como mais uma tentativa da Rússia de dar uma aparência de legitimidade ao seu controle sobre o território ucraniano.
“Os cidadãos ucranianos deveriam evitar participar desta farsa de todas as maneiras possíveis”, disse a ministra do governo, Iryna Vereshchuk — o que significa que ninguém deve ajudar a organizar as eleições, fazer campanha, votar ou agir como observador das eleições, elencou a nota.
“Não colaborem, não ajudem os ocupantes a realizar eleições falsas”, acrescentou Vereshchuk, alertando que aqueles que o fizeram voluntariamente estarão infringindo a lei ucraniana, apesar da participação forçada na eleição não ser ilegal.
A votação presencial está em andamento desde sexta-feira (15), mas é neste domingo que o maior número de assembleias de voto serão abertas na Crimeia e em partes das regiões de Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk, que também estão sob ocupação russa.
Em uma indicação da importância atribuída por Moscou à votação, a agência de notícias estatal russa RIA Novosti publicou em seu canal Telegram uma mensagem que mostrava uma equipe móvel eleitoral instalada em Avdiivka, cidade capturada pelas forças russas no mês passado.
“Nossa equipe é móvel para dar aos moradores de Avdiivka uma oportunidade de votar nas eleições presidenciais. Temos tudo o que é necessário para votar: cédulas, uma urna, uma tela”, explicou um homem chamado Danil, descrito como chefe da comissão eleitoral, com um lenço no rosto escondendo a sua identidade.
Enquanto várias pessoas são mostradas votando, uma mulher, que diz ser cristã ortodoxa da Igreja Russa, expressa sua gratidão.
“Estávamos esperando por isso. Estou muito grato. Muito obrigada por ter vindo até nós”, agradeceu ela.
Os canais do Telegram mostraram outros equipamentos eleitorais móveis em territórios ocupados, incluindo alguns que parecem ter claramente soldados acompanhando os funcionários eleitorais enquanto vão de casa em casa.
Um vídeo de Luhansk tem uma senhora idosa dentro de seu apartamento preenchendo um boletim eleitoral e colocando-o na urna, enquanto um homem de uniforme militar fica ao lado dela com um rifle suspenso no peito.
Autoridades ucranianas dizem que táticas de intimidação são comuns e visam forçar as pessoas a votarem em Putin.
Por outro lado, autoridades russas nos territórios ocupados relataram várias explosões perto das assembleias de voto durante o sábado. A Ucrânia reconheceu, inclusive, a autoria de algumas delas.
Vladimir Rogov, membro da administração civil-militar em Zaporizhzhia, disse que um dispositivo explosivo improvisado foi detonado fora de um edifício que foi usado para votação na cidade portuária de Berdiansk. Uma parede foi danificada, mas não houve vítimas, escreveu ele no Telegram.
Em resposta, um funcionário ucraniano postou ironicamente nas redes sociais: “Está muito barulho em Berdiansk… parece que houve um incidente perturbador”. Mais tarde, a mesma autoridade da Ucrânia relatou que moradores locais ouviram uma segunda explosão na cidade, também fora de um prédio planejado para ser usado como assembleia de voto.
Em outro lugar, Vladimir Saldo, o chefe instalado pela Rússia na Kherson ocupado, informou que uma mulher de 50 anos foi morta por um ataque de drone na cidade de Kakhovka, que fica às margens do rio Dnipro. Saldo afirmou que o ataque foi uma “tentativa de desestabilizar a situação na cidade durante a votação”.
Na sexta-feira, ele acusou a Ucrânia de bombardear um prédio em outro lugar de Kakhovka, onde também registrou uma votação. Não houve vítimas neste ataque, disse ele.
As autoridades eleitorais da Rússia publicaram atualizações sobre o que compartilhará a participação popular em várias regiões. No agitado Kherson, o número divulgado às 17h30 de sábado, foi estimado em 77,7%, enquanto no ocupado Donetsk o número, logo após as 21h, foi de 86,5%.
A Ucrânia afirma que Moscou irá falsificar os resultados finais e insiste que a maioria das pessoas que vivem sob ocupação russa opte por não participar das eleições.
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