A expectativa pela apresentação do esperado pacote de ajuste fiscal do governo federal deu fôlego ao real e fez a moeda brasileira ter o melhor desempenho contra o dólar entre as principais economias globais, nesta quarta-feira (6).
O movimento reverteu a vista disparada nas primeiras horas de negociação, quando o dólar chegou ao patamar de R$ 5,86, repercutindo a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos.
Ao longo do dia, o movimento esfriou com maior destaque ao noticiário doméstico, e a moeda norte-americana encerrou em queda de 1,26%, cotada em R$ 5,6774.
Nas últimas semanas, o chamado “Trump Trade” – negócios Trump, em tradução livre, movimento precificando valorização do dólar com a vitória do republicano – vinha ditando parte dos negócios, o que suspendeu um rali de alta forte da divisa, que chegou ao maior patamar desde a pandemia na sexta-feira (1º).
O que especialistas são ouvidos pela CNN Aponto é que parte do movimento relacionado às eleições norte-americanas já havia sido precificado nos últimos dias, de modo que qualquer valorização extra já havia se esgotado.
As expectativas da corrida pela Casa Branca dividiram a atenção do mercado com o cenário fiscal doméstico, que ganhou ainda mais relevância nos últimos dias com a expectativa de apresentação de um pacote e medidas para ajustes das contas pelo governo federal.
A apresentação era esperada para após o fim do segundo turno das eleições legislativas, encerrado no dia 27 de outubro. A expectativa, porém, foi frustrada após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar, na terça (29), que não havia previsão para a divulgação.
A frustração se converteu em disparada do dólar – que chegou ao maior patamar em mais de quatro anos – e críticas ao governo. Em resposta, o ministro da Fazenda cancelou uma série de agendas que teria na Europa nesta semana para focar nos debates fiscais.
Agora, a expectativa é que as medidas sejam divulgadas ainda nesta semana. Desde segunda (4), a equipe econômica se reúne com Lula e outros ministros para debater os ajustes, o que trouxe mais calma ao mercado, mesmo que nada de oficial tenha sido anunciado.
Considerando o desempenho do real antes de outras moedas, Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, avalia que o movimento está ligado ao cenário fiscal.
“A realização do lucro pode ter acontecido, mas pelo dinamismo do real em relação com outras moedas, tem a ver com fatores locais”, diz.
O que se espera é uma série de medidas estruturais Além do curto prazo, garantir a sustentabilidade no longo prazo do arcabouço fiscal.
Para Emerson Junior, head de câmbio na Convexa Investimentos, as negociações envolvendo ministérios que antes eram vistos como “intocáveis” aumentam a expectativa do mercado para as medidas.
“A maioria das moedas também esfriou suas altas ao longo do dia, mas o ganho do real foi muito mais expressivo. Nesse sentido, avaliamos que as movimentações do Ministério da Fazenda chegaram a fazer preço”, afirma.
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