Há 55 anos, no dia 20 de julho, o piloto militar, piloto de testes e engenheiro aeroespacial, Neil Armstrong, se tornou o primeiro ser humano a pisar na Lua. Eram 17h17, no horário de Brasília, quando o então comandante da Apollo 11 saiu do módulo lunar, e deixou sua pegada impressa no reglito. “Esse é um pequeno passo para o homem, um salto gigante para a humanidade”, disse.
Anos mais tarde, ele teimava com os jornalistas que não havia dito “o” homem, mas “um” homem. Seja como for, o feito, transmitido para o mundo pela TV, transformou Armstrong no homem mais famoso do planeta, às vésperas de completar 39 anos. Uma semana depois, ele foi recebido como herói, ao lado de Buzz Aldrin e Michael Collins, no Oceano Pacífico.
Mas, no auge da fama, ele decidiu esquivar dos holofotes e retornar ao seu estado natal, Ohio, onde nasceu em uma fazenda, em 1920. Sua próxima jornada incluiu uma carreira como professor universitário na Universidade de Cincinnati, na qual se juntou ao corpo docente da Escola de Engenharia Aeroespacial, em 1971.
Em entrevista à seção Mach, da NBC News, o biógrafo oficial de Armstrong, James Hansen, afirmou que “nunca foi sobre fama ou fortuna para ele. Era sobre voar”. Autor do livro “O primeiro homem: a vida de Neil Armstrong”, que serviu de base para o filme de 2018 com Ryan Gosling, Hansen resume o lema do comandante: “Vamos voar com este módulo até um pouso bem-sucedido, e não não mataremos”.
O menino que gostava de voar
Incentivado pelo pai Stephen, que o levou para assistir à Corrida Aérea de Cleveland aos dois anos, o menino Neil embarcou em um avião pela primeira vez aos cinco, também levado pelo pai. Quando seus irmãos June e Dean nasceram, ele os colocava para jogar os aviões de madeira que faziam, do andar de cima da casa, e controlava os pousos, no chão, com um palito de picolé.
Por isso, não é de se estranhar que Armstrong tenha recebido sua primeira licença de piloto aos 16 anos, antes mesmo de tirar a carteira de motorista. Após concluir o ensino médio ele entrou para a Universidade de Purdue em West Lafayette onde se formou em Engenharia Espacial, com uma bolsa da Marinha dos EUA.
Após servir na guerra da Coreia como piloto, e se formar em Purdue, Armstrong se casou em 1956 com sua primeira esposa, Janet, e começou a trabalhar como piloto de testes na Base Aérea de Edwards, na Califórnia, para onde se mudou. Segundo o biógrafo, quando voava sobre sua casa, o piloto se inclinava as asas do avião para dizer “olá” para a esposa e o filho.
Em janeiro de 1962, a filha de Neil e Janet, Karen, morreu aos três anos de idade, devido a um tumor no cérebro. A tragédia teve grande impacto na vida do piloto, afetando até mesmo a qualidade de seus voos. Os amigos e colegas de trabalho afirmam que ele envelheceu rapidamente durante esse prolongado episódio, do qual manteve o silêncio durante muitos anos.
Entrada na Nasa e o voo para a Lua
Ainda vivendo seu luto, Armstrong foi selecionado para o Corpo de Astronautas da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos) em setembro de 1962, e a família mudou para Lancaster, na Califórnia. Ele ainda não foi considerado um piloto de destaque, e sua primeira missão foi a Gemini VIII, em 1965, como piloto reserva.
Em 1967, a Casa Branca queria que o comandante da missão lunar fosse um civil, e os líderes da Nasa escolheram Neil Armstrong não só como comandante da missão Apollo 11, como também o primeiro homem para sair do módulo e pisar no solo lunar. Como era muito reservado, a única explicação para escolha foi sua estabilidade emocional e sua personalidade humilde e profissional
No filme de 2018, há uma cena misteriosa que realmente ocorreu e não estava no roteiro da missão. Perto de se encerrar o tempo previsto para permanência na Lua, de 21 horas e 36 minutos, Armstrong levou o módulo lunar e foi até a cratera Little West, onde deixa cair um objeto levado por ele em seu chamado kit de propriedade pessoal.
Com o tempo quase estourado, o comandante teve que correr para voltar ao módulo lunar, e sua frequência cardíaca subiu para mais de 180 bpm. Como a câmera de TV do módulo lunar não estava apontada para ele, não sabemos o que deixou jogado lá. No filme, Ryan Gosling deixa cair uma pulseirinha da filha Karen.
A cena não está no livro de Hansen, mas é verdade que cada astronauta levou seu kit com objetos pessoais ou de terceiros, para ficarem na Lua. Antes do voo, cada um anotou o que estava levando para o espaço em uma espécie de declaração de conteúdo.
Hansen sabia disso e pediu a Armstrong que o exibisse durante uma das entrevistas para o livro. O “primeiro homem” disse que iria procurar o pequeno inventário e, quando o encontrasse, iria mostrá-lo. Não mostrado. Ele morreu no dia 25 de agosto de 2012, aos 82 anos, de complicações hospitalares após uma cirurgia de ponte de safena.
Compartilhe:
Leave a Comment