Como plaquetas são fragmentos de células presentes no sangue e produzidos pela medula óssea. Elasm desempenha um papel fundamental para a coagulação sanguínea, diminuindo o risco de hemorragias e auxiliando no processo de cicatrização. Por isso, o seu nível baixo no sangue representa um risco para a saúde.
“A função das placas está relacionada à membrana celular, que é todo aquele entorno da célula que a protege e é onde ela vai ter contato com o vaso sanguíneo e desencadear o processo de coagulação do sangue”, explica Phillip Bachour, hematologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Para que aconteça uma coagulação e um sangramento seja estancado, as placas possuem, em seu interior, materiais responsáveis por iniciar esse processo. “Toda vez que um vaso sanguíneo sofre pequenas lesões, como se fossem buraquinhos, as placas fazem o ‘tampão’ plaquetário e se grudam, umas nas outras, para que não ocorra o sangramento”, completa Mariana Serpa, onco-hematologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês.
Esse processo acontece de forma equilibrada, evitando que não haja nem sangramento excessivo e nem coagulação intensa do sangue. Em um organismo saudável, esse trabalho é feito diariamente no nosso sangue, por exemplo, quando sofremos pequenos sangramentos na pele e logo o sangue se estanca.
No entanto, para que as placas exerçam as suas funções específicas, é preciso que elas ocorram em uma quantidade razoável no sangue. Quando sua contagem é baixa, ocorre um maior risco de sangramento excessivo, complicações de saúde e, em casos mais graves, um maior risco de vida.
O que causa níveis baixos de plaquetas no sangue?
As placas baixas ocorrem quando a contagem dessas células no sangue é inferior a 150 mil/mm³ (milímetro cúbico). Essa condição é conhecida como trombocitopenia ou plaquetopenia e pode ser causado por:
- Doenças da medula ósseacomo leucemia (câncer que afeta as células sanguíneas), mielodisplasia (distúrbio que provoca a produção anormal de células do sangue) e aplasia medular (quando a medula óssea não produz células sanguíneas especificamente, incluindo as plaquetas);
- Infecções virais (provocou diminuição no número de placas por alteração da produção de células pela medula óssea e pela destruição dessas células pelo próprio sistema imunológico);
- Uso de medicamentos específicoscomo anti-inflamatórios, anticonvulsionantes e anti-hipertensivos.
Queda no número de placas e dengue: qual é a relação?
A dengue é uma das infecções virais que podem levar à queda no número de placas no sangue.
“Durante uma infecção viral, são liberadas citocinas tóxicas que levam um sinal para a medula óssea para reduzir a produção de placas. Além disso, muitas vezes, o sistema imunológico pode produzir anticorpos contra um vírus ou contra uma bactéria e esse anticorpo grudar na placa, destruindo-a por entender que é um corpo estranho”, explica Serpa.
Isso pode acontecer com qualquer infecção viralmas é um dos sinais importantes de agravamento da denguepois pode levar a manifestações hemorrágicas, incluindo sangramento nasal, gengival e o rompimento dos vasos superficiais da pele (levando à manchas vermelhas chamadas petéquias). Esses sinais de dengue grave costumam aparecer após a remissão de febreentre o terceiro e o sétimo dia de sintomas.
“A baixa contagem de placas é um dos sinais de alarme da dengue, mas também existem outros sintomas, como dor abdominal, vômitos, acúmulo de líquidos, derrame pleural (acúmulo de fluidos entre a circulação e o peito), queda na pressão arterial, fadiga , entre outros”, acrescenta Bachour. “A queda nas placas deve estar relacionada a todos esses sinais para confirmar um quadro grave de dengue”, completa.
Como identificar placas baixas?
O diagnóstico de placas baixas é feito através do exame físico, que avalia os sintomas, e de exames laboratoriais. Ó hemograma completo é essencial para verificar a contagem de plaquetas e outras células sanguíneas, como glóbulos vermelhos e brancos.
“São dois exames principais que vamos ver no hemograma: o primeiro é o hematócrito, que é a parte vermelha do sangue que costuma aumentar quando há essa disfunção do controle volêmico (relacionada ao acúmulo de líquidos na cavidade abdominal e ao derrame pleural), e como plaquetas, cuja queda pode gerar sangramento de mucosas na dengue”, afirma Bachour.
Quando a baixa contagem de placas passa a ser perigosa?
Quanto mais baixo o nível das placas no sangue, maior o risco de complicações graves de saúde e de sangramento. Os valores de referência são:
- Entre 150 mil/mm³ e 350 mil/mm³: nível ideal de plaquetas no sangue;
- Abaixo de 150 mil/mm³: é considerada baixa contagem de plaquetas e deve ser monitorada e investigada a causa. No entanto, ainda não apresenta riscos ao paciente;
- Até 100 mil/mm³: baixo risco de sangramento, ainda podem ser realizadas cirurgias mais complexas, sem risco à vida do paciente;
- Até 50 mil/mm³: aumenta o risco de sangramento e, por isso, grandes cirurgias devem ser evitadas, podendo ser realizadas apenas procedimentos mais simples;
- Inferior a 20 mil/mm³: risco alto para sangramentos espontâneos, com risco de vida, sendo necessária a transfusão de sangue para aumentar o número de plaquetas.
No caso da sepultura da dengue, a transfusão de sangue deve ser evitada quando ainda não há sangramento. “O Ministério da Saúde recomenda que seja evitada a transfusão de sangue na maior parte dos pacientes com dengue, pois ela pode estimular o corpo a destruir as placas desse paciente, devido à destruição autoimune que o sistema imunológico faz”, explica Bachour.
No entanto, o hematologista explica que a transfusão pode ser indicada em situações críticas, quando há hemorragias que geram risco de vida. Nesse caso, um transfusão é terapêutica e visa estancar esses sangs.
Em outras situações que levam à queda no número de placas, que não estão associadas à dengue, Serpa explica que é possível realizar a transfusão de sangue profilática. “Isso é indicado para evitar que o paciente evolua para um quadro de sangramento grave. Isso pode acontecer quando a contagem estiver abaixo de 20 mil/mm³”, afirma o onco-hematologista.
Como aumentar o número de plaquetas?
O tratamento para a baixa contagem no número de plaquetas varia de acordo com a causa e com a gravidade dos sintomas. Como vimos, em alguns casos em que o nível dessas células é muito baixo e há sangramento com risco de vida, a transfusão de sangue passa a ser uma medida necessária.
No caso de infecção viral, é preciso tratar a doença que levou à queda na contagem das placas para que a situação se normalizasse. A dengue, por exemplo, é tratada com segurança, hidratação e uso de medicamentos para tratar os sintomas.
Vale lembrar, porém, que alguns remédios são contraindicados para suspeita e tratamento da dengue, já que pode aumentar o risco de hemorragias. É o caso da aspirina, dos AAS e dos anti-inflamatórios não esteroidais, como ibuprofeno, nimesulida, naproxeno, fenilbutazona, diclofenaco, piroxicam e sulindac.
Quando as placas baixas ocorrem devido a doenças autoimunes, podem ser usados imunossupressores para suprimir a resposta imunológica. Em casos graves, uma imunoglobulina intravenosa pode ser administrada para aumentar temporariamente a contagem de plaquetas.
Nos casos em que a queda nas placas ocorre devido ao câncer, o tratamento envolve medidas para tratar o tumor, como quimioterapia e, a depender da gravidade da doença, transplante de medula óssea.
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