A partir desta segunda-feira (4), o Ministério da Saúde vai substituir as duas doses de reforço com vacina oral contra poliomielite (VOP)conhecido como “gotinha“, por uma dose de vacina inativada contra poliomielite (VIP)que é injetável. A mudança no esquema vacinal contra a doença foi anunciada em setembro pela pasta.
Segundo o Ministérioa decisão foi baseada em critérios epidemiológicos, evidências científicas sobre a vacina e recomendações internacionais para deixar o esquema vacinal ainda mais seguro.
Anteriormente, o esquema vacinal contemplava administração de três doses da VIP aos 2, 4 e 6 meses e duas doses de reforço com a VOP, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
Agora, com a gotinha deixando de ser utilizada, será necessária apenas uma dose de reforço com VIPaos 15 meses de idade, de modo que novo esquema vacinal será:
- 2 meses – 1ª dose
- 4 meses – 2ª dose
- 6 meses – 3ª dose
- 15 meses – dose de reforço
A mudança traz benefícios? Veja o que diz especialista
A VOP, ou gotinha, é uma vacina feita com o vírus enfraquecido e é administrada via oral. Já a vacina VIP contém o vírus inativado (morto), administrado via intramuscular.
“Quando eu substituo a vacina oral, estou tirando (do esquema) uma vacina de vírus vivo. Esse tipo de vacina apresenta algumas restrições, principalmente para crianças com alterações na imunidade, que podem ter problemas quando tomam vacinas do vírus vivo”, explica Alfredo Gilio, Coordenador da Clínica de Imunização do Hospital Israelita Albert Einstein, à CNN.
De acordo com o especialista, a substituição da vacina injetável traz benefícios para pessoas com sistema imunológico comprometido, além de evitar risco de contaminação por uma “variante vacinal” do vírus.
“Quando usamos uma vacina oral de vírus vivo, ele é excretado nas fezes. Em um país como o Brasil, com baixas taxas de saneamento, esse vírus pode ser esparramado na comunidade”, acrescenta. “O vírus vivo no meio ambiente gera o risco de se transformar e formar o poliovírus derivado vacinal, que pode ser patogênico. Existe até um descritivo disso em outros países. Mas, no Brasil, ainda é um risco teórico”, afirma.
Fim do “Zé Gotinha”? Entenda o que vai acontecer com o personagem
Criado nos anos 1980, o Zé Gotinha é um personagem que marca a luta contra a poliomielite e está presente no imaginário de grande parte da população brasileira. Segundo o Ministério da Saúde, mesmo com o fim da aplicação da vacina oral, o personagem vai continuar existindo.
“O personagem entrou em campo também para alertar sobre a prevenção de outras doenças imunopreveníveis, como o sarampo. Portanto, ele continua trabalhando em prol da imunização”, afirma comunicado divulgado pela pasta em setembro.
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