Nesta semana, o Amazonas emitiu um alerta epidemiológico para o febre oropouche, uma virose semelhante à dengue, informando um total de 1.398 casos confirmados da doença desde o primeiro dia do ano. Na quinta-feira (29), o Rio de Janeiro registrou o primeiro caso de infecção.
Além do Amazonas, os estados do Acre e Rondônia estão em estado de surto, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em fevereiro deste ano, a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) emitiu alerta epidemiológico para o aumento da febre no continente americano. De acordo com a entidade, a maioria dos surtos ocorreu em todas as faixas etárias e gêneros, mas crianças e jovens foram os mais atingidos.
Apesar de os casos estarem concentrados na região norte do Brasil, existe uma preocupação de um surto em nível nacional, principalmente diante de uma epidemia de dengue — na quinta-feira (29), o Brasil atingiu uma marca de 1 milhão de casos prováveis da doença transmitida pelo Aedes aegypti.
A CNNRenato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que existem chances de uma doença se espalhar por todo o Brasilmas que isso não acontece do dia para a noite. “A dengue começa assim e a febre amarela também. Elas começaram em regiões específicas e depois se espalharam pelo país”, exemplifica.
“Como outras arboviroses, quanto mais há pessoas infectadas com febre oropouche, maior é a tendência de progressão. Quanto mais pessoas infectadas pelo vírus, mais o mosquito vai transmitir a doença”, afirma o especialista. Isso acontece porque, assim como o Aedes aegyptio mosquito transmissor da febre oropouche precisa picar uma pessoa contaminada para infectar outra.
No entanto, Kfouri reforça que essa expansão não deve ocorrer do dia para a noite e, portanto, não há motivo para alarme. “Os casos não devem explodir rapidamente. O que deve acontecer é a transmissão importada: uma pessoa que viaja para a região Norte, onde há mais casos de oropouche, pode ser contaminada e, então, aumentar as chances de a doença ser transmitida para outras pessoas da sua região”, opina.
É o que aconteceu nenhum caso do Rio de Janeiro, por exemplo, em que um homem testou positivo para a febre oropouche após ter viajado para o Amazonas, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ). O caso segue sob investigação epidemiológica pela equipe de vigilância sanitária da cidade.
O que é febre oropouche?
A febre oropouche é uma doença causada por um arbovírus, ou seja, um vírus transmitido por um mosquito. De acordo com o Ministério da Saúde, o Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), causador da infecção, foi isolado pela primeira vez em 1960, a partir da amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília.
Os sintomas de febre oropouche são parecidos com os da dengue e chikungunya e, por isso, as doenças podem ser confundidas. É o caso de:
- Dor de cabeça;
- Dor nas articulações;
- Dor muscular;
- Náuseas e vômitos;
- Diarreia.
Para diferenciar a febre oropouche de outras arboviroses é preciso fazer o diagnóstico, que é clínico, epidemiológico e laboratorial. Ou seja, são avaliados os sintomas, se houve contato com pessoas infectadas ou regiões que estão com surto, e a realização de exames laboratoriais para excluir a possibilidade de outras doenças com sintomas semelhantes.
Além disso, o Ministério da Saúde reforça que a febre oropouche compõe uma lista de doenças de notificação compulsória, ocorrendo ente as doenças de notificação imediata. Isso porque a febre apresenta um potencial epidêmico e alta capacidade de mutação do vírus, podendo se tornar uma ameaça à saúde pública. O tratamento deve ser feito com tranquilidade, hidratação e uso de medicamentos para aliviar os sintomas.
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