Dia Mundial do Estudante é realizado em 17 de novembro: como surgiu a data


Todo ano, em 17 de novembro, é comemorado o Dia Mundial do Estudante. Um dado, destinado a valorizar os esforços de diversas gerações no campo da educação, marca um momento de celebração, pelas conquistas das últimas décadas, e de reflexão, frente aos que alunos de todo o mundo ainda enfrentam desafios.

A seguir, saiba como os dados surgiram, quais são os marcos da luta estudantil ao longo dos últimos anos e entenda melhor a situação.

Como surgiu o Dia Mundial do Estudante?

Em 1939, no primeiro ano da Segunda Guerra Mundialinvasões foram comuns em toda a Europa. Desde o primeiro ataque à Polônia, até a invasão à Normandia, na França, os movimentos de resistência civil se destacaram como forças políticas e sociais que, mais tarde, se tornariam marcos históricos na luta por direitos.

Uma das invasões, na cidade de Praga, então capital da Tchecoslávaquia, ficou marcada pela morte de um jovem estudante de medicinachamado Jan Opletalexecutado durante uma manifestação que pediu o fim da ocupação nazista em seu país.

O evento, mais tarde, criou bases para um levante estudantil, com justiça no dia 17 de novembro de 1939de alunos da Charles University (à época Universidade Carolina).

“A Universidade ficou impossibilitada de manter suas atividades antes do fim da Segunda Guerra Mundial”, conta o arquivo histórico da Universidade Charles. “A ocupação de terras tchecas pela Alemanha de Hitler trouxe tempos difíceis e muitas perdas. No 17 de novembro de 1939, todas as instituições de ensino superior do país foram fechadas em resposta às manifestações que levaram à morte de Opletal.”

Dois anos depois, em apoio aos tchecos, estudantes de 26 países reuniram-se em Londres, num período de forte repressão nazista, para selar acordos de cooperação e enfrentamento.

Ganhava corpo ali o Conselho Internacional de Estudantesque ocorreu em 1941, e que mais tarde instituiria a União Internacional de Estudantes (União Internacional de Estudantes)fundada em Praga, em 1946, após uma guerra.

Marcos da luta pelo estudante no mundo

Ao longo do século 20, antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial, estudantes do mundo todo apoiaram seus esforços pela universalização do acesso à educação.

Negada por séculos, por exemplo, a educação formal para mulheres começou a ganhar legalidade apenas no período entreguerras. Ativistas como Mary Wollstonecraft, ainda no século 19, e organizações como a American Association of University Women foram responsáveis ​​por popularizar a luta feminina pela educação em todo o mundo.

Depois, em 1954, já na segunda metade do século 20, quando os horrores da guerra se dissiparam no horizonte de homens e mulheres brancas, A Suprema Corte dos EUA considera que a segregação racial nas escolas era inconstitucional. O movimento, solicitado pelo ativismo negro dos EUA, ajudou ao colapso barreiras raciais na educação e ações desenvolvidas ao redor do planeta.

Na China, com a Revolução Cultural, e na África do Sul, com os protestos de estudantes de Soweto a favor do uso da língua africaneiro no ensino, novos horizontes de esperança e acesso à educação surgiram no fim dos anos 1970. Nesses países, a valorização à história dos povos e o combate às visões colonizadoras da educação eram a ordem do dia.

No início dos anos 1990, em Jomtien, na Tailândia, países de todos os continentes se comprometeram com a iniciativa Educação para Todos (EFA)que visava garantir o acesso à educação básica de qualidade para todas as crianças, jovens e adultos. Essa declaração foi um marco para as políticas educacionais globais, com metas revistas nas décadas seguintes pela UNESCO.

Dez anos depois, em 2000, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da ONU (Organização das Nações Unidas) incluíram metas de educação, como a universalização do ensino primário.

Em 2012, Malala Yousafzaiuma jovem ativista paquistanesa, sobreviveu a um atentado dos talibãs por defender a educação para meninas. Ela se tornou um símbolo global da luta pelo direito das mulheres e meninas à educação, recebendo o Prêmio Nobel da Paz em 2014.

Vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2014, Malala Yousafzai é uma das expoentes do ativismo pela educação no mundo • Russell Watkins/Departamento de Desenvolvimento Internacional

Em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) renovaram o compromisso global com a educação de qualidade para todos até 2030abordando inclusão, igualdade de gênero e desenvolvimento sustentável.

Inclusão na educação

Ao longo dos últimos 24 anos, movimentos e leis que promovem a inclusão de estudantes com deficiência se espalharam por diversos países, promovendo práticas educacionais que garantiram o acesso de pessoas com deficiências físicas, intelectuais e sensoriais à educação formal e inclusiva.

A pandemia da Covid-19 causou uma interrupção global sem precedentes nas atividades educacionais, levando à adoção de métodos de ensino remoto e acelerando o uso de tecnologia na educação. Esse momento destacou a necessidade de inclusão digital e trouxe novos desafios e oportunidades para o futuro da educação em todo o mundo.

Brasil vive retrocesso

No Brasil, desde um Lei do Ventre Livreno século 19, quando a educação de filhos de escravizados nascidos livres entrou no debate público, os avanços acontecem sempre a partir da mobilização social.

UM UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)primeira universidade brasileira, foi fundada em 1920. A UNE (União Nacional dos Estudantes)foi criada em 1937. A primeira lei que universalizou o acesso à educação foi criada em 1961 e o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental) e o FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) foram criados somente em 1997 e 2007, respectivamente

Estudantes da UNE viajam para Brasília para se unirem ao Movimento DIretas Já, nos anos 80 • Divulgação/UNE

Atualmente, segundo relatório da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação sobre aa Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas) destaca retrocessos em metas educacionais no Brasil, incluindo questões como:

  • Subfinanciamento;
  • Infraestrutura precária;
  • Evasão escolar;
  • Disparidades educacionais, especialmente entre alunos negros e indígenas.

O documento aponta que as políticas educacionais atuais, como o Novo Ensino Médio e a militarização das escolas podem aprofundar as desigualdades já existentes. Embora o Plano Nacional de Educação (PNE) tenha previstas 20 metas para melhorar o sistema educacional, 13 delas estão em retrocesso, com 90% das metas previstas para 2024 ameaçadas de não serem alcançadas.

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Fonte: CNN Brasil

Victor Carvalho:
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