A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no último dia 24 de outubro, um novo medicamento para o tratamento de dermatite atópica moderada a grave em adultos e crianças a partir de 12 anos. Desenvolvido pela Eli Lilly and Company, o fármaco injetável, chamado EBGLYSS (lebriquizumabe), é uma nova opção para pacientes que não conseguem controlar a doença com terapias graves.
UM dermatite atópicatambém chamado de eczemaé uma doença crônica causada por sintomas como irritação, ressecamento e espessamento da pele no local das lesões, que costuma acometer regiões de dobras, como braços, joelhos e pescoço. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) aponta que até 25% das crianças e cerca de 7% da população adulta podem ser acometidas pela doença no Brasil.
A aprovação da Anvisa foi baseada em três estudos clínicos de fase 3 (Advogado 1, Advogado 2 e Aderir) que, no total, incluíram mais de 1 mil pacientes entre adultos e crianças com 12 anos ou mais com eczema moderado a grave que não controla seus sintomas com medicamentos tópicos ou outros tratamentos sistêmicos convencionais.
Em dois dos estudos, 38% dos participantes que receberam o medicamento melhoraram a resolução das lesões de pele em 16 semanas, em comparação com 12% daqueles que receberam placebo. Cerca de 10% dos pacientes observaram melhorias já em quatro semanas. Do total de pacientes que reduziram os sintomas, 77% mantiveram os resultados após um ano com posologia de manutenção mensal, contra 48% dos que foram orientados, pelo estudo, a descontinuar o tratamento com EBGLYSS.
Com relação ao surto de emergências, um dos sintomas mais comuns relatados por pacientes com dermatite atópica, 43% dos pacientes, em média, que receberam o medicamento sentiram alívio do sintoma em 16 semanas, em comparação com 12% que tomaram placebo. Cerca de 5% sentiram problemas em até duas semanas.
Nesse grupo, 85% relataram interrupção da emergência depois de um ano de tratamento com dose de manutenção mensal, em comparação com 66% que foram esperados para descontinuar o EBGLYSS.
Além disso, outro estudo da fase 3que avaliou o tratamento da dermatite atópica com o medicamento, mostrou que 68% dos participantes apresentaram melhora em pelo menos 75% da extensão e gravidade da doença; 39% experimentaram melhora na resolução de manchas, e 55%, estresse de vermelhidão em regiões afetadas pela dermatite atópica.
Os resultados reforçam a eficácia do tratamento para a doença moderada a grave subsequente às terapias de prescrição tópica em peles étnicas (grupos raciais ou étnicos específicos e com pele mais escura do que a caucasiana).
“Os pacientes ainda lutam para controlar sua dermatite atópica moderada a grave com as terapias atualmente disponíveis. Experimentar um mau controle da doença a longo prazo, e as situações graves podem afetar significativamente suas vidas diárias”, afirma Jonathan Silverberg, professor de dermatologia da Escola de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, e primeiro autor do manuscrito do New England Journal of Medicine resumindo os ensaios clínicos do EBGLYSS.
“Pessoas que convivem com dermatite atópica enfrentam barreiras importantes para controlar sintomas que, em muitos casos, limitam a vivência social e afetam a saúde mental dessas pessoas e seus familiares. Estamos muito felizes com a aprovação de uma nova opção de tratamento que pode contribuir com uma melhoria de vida para pacientes e suas famílias”, afirma Luiz Magno, diretor médico da Eli Lilly do Brasil.
Casos graves de dermatite atópica podem não responder ao tratamento tradicional
O tratamento da dermatite atópica visa o controle da irritação, a redução da inflamação da pele e a prevenção das recorrências. Geralmente, são usados emolientes e hidratantes para melhorar a barreira natural da pele, de acordo com a SBD. Além disso, o uso de anti-histamínicos por via oral pode ajudar no controle do prurido.
Nos casos leves, o tratamento envolve o uso de medicamentos descritos, ou seja, que são aplicados diretamente sobre a pele ou couro cabeludo paciente. Nos casos mais graves, os pacientes podem precisar de medicamentos orais, incluindo corticóides ou imunossupressores.
No entanto, de acordo com Juliana Nakano, dermatologista e membro da SBD, nem sempre o paciente pode melhorar com o uso de corticoides. “Existem muitos medicamentos administrados de maneira errada, especialmente o corticoide oral, que pode melhorar um pouco o quadro, mas depois pode trazer efeitos deletérios relacionados ao uso moderno”, explica à CNN.
O especialista esclarece que a dermatite atópica é uma doença multifatorial, ou seja, causada por diferentes fatores, incluindo genéticos, gatilhos ambientais e fatores emocionais. “Cuidados inadequados com a pele, como tomar banhos longos e quentes, esfregando a pele com sabões não adequados, têm interferência no tratamento. Então, não cumprir os cuidados necessários pode agravar o quadro”, acrescenta.
Além disso, os casos de dermatite atópica que surgem logo na infância apresentam maiores chances de serem uma forma grave da doença, mais difíceis de serem tratados, de acordo com Nakano.
Como o novo medicamento funciona?
O EBGLYSS é um anticorpo monoclonal que tem como alvo o proteção da interleucina IL-13, responsável pela inflamação que resulta nos sintomas clássicos da doença, como manchas avermelhadas ou escuras, irritação e ressecamento.
A injeção aprovada pela Anvisa, de 250 mg/2 mL, pode ser usada com ou sem corticosteroides descritos e é administrada como uma única injeção de manutenção mensal, de 250 mg a cada quatro semanas após o período de início do tratamento.
Os efeitos colaterais mais comuns do EBGLYSS incluem lesões de olhos e ocorrências, como ocorrências, ocorrências e ocorrências, ocorrências no local da injeção e herpes zóster. EBGLYSS é contraindicado em pessoas com hipersensibilidade grave prévia ao lebriquizumabe ou a qualquer um dos seus excipientes.
Em comunicado enviado à imprensa, a Lilly afirmou aguardar o andamento de outros trâmites para disponibilizar o medicamento no mercado nacional.
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