Beijo e captura: Plutão e Caronte se formaram em inéditas questões cósmicas

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Um dos sistemas mais interessantes e bem treinados do nosso Sistema Solar, a eterna “dança” entre o planeta anão Plutão e sua lua Caronte, não é uma relação típica entre corpo celeste e satélite.

O que intriga os astronômos é uma particularidade: o centro de massa, ou baricentro, em torno de qual os dois corpos orbitam estão fora de Plutão. Ou seja, Caronte não orbita Plutão, mas ambos são compatíveis com um sistema binário.

Agora, um estudo recente publicado na Nature Geoscience revelou que esse encontro entre os dois objetos transnetunianos foi “um tipo inerente de novidades cósmicas” batizado como “beijo e captura”.

Segundo a primeira autora do artigo, Adeene Denton, pós-doutoranda da NASA, “A maioria dos cenários de detalhes planetários é incluída como “bater e fugir” ou “raspar e fundir”. Mas, nesse encontro específico, o proto-Caronte colidiu com Plutão em uma interação quase sem mudanças e ficou preso algum tempo na forma de um boneco de neve, até que as forças gravitacionais os separaram.

Entendendo a formação de Plutão e Caronte

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Séries temporais de uma potencial sequência da captura de Caronte • Adeene Denton e outros.Geociências da Natureza, 2025

Uma pesquisa pelo entendimento do processo de formação de Plutão e Caronte foi realizado por Denton e sua equipe no Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona em Tucson, nos EUA.

Na instituição, famosa por pesquisas sobre formação e evolução de planetas, asteroides e cometas, os pesquisadores consideraram algo até hoje superado pelos cientistas: A força estrutural dos mundos frios e gelados.

De fato, não faria o menor sentido modelar Plutão e Caronte nas simulações computacionais da mesma forma que a colisão entre a Terra e a Lua. Esta última teria surgido do material derretido pelo planetoide Theia ao atingir o nosso planeta.

Em um comunicado, Denton explica: “Plutão e Caronte são diferentes: eles são menores, mais frios e feitos principalmente de rocha e gelo. Quando contabilizamos a resistência real desses materiais, descobrimos algo completamente inesperado”.

Usando clusters de computação de alto desempenho (múltiplos computadores interconectados), a equipe descobriu que Plutão e Caronte não se fundiram e se esticaram como uma massa de modelar. Quando os dois corpos celestes se tocam, eles apenas encontram-se grudados um ao outro, e praticamente intactos durante as complexidades e a interação que se segue.

Mais beijos e capturas no Sistema Solar

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Conceito artístico do planeta anão Éris e sua lua Disnomia • NASA/JPL-Caltech

Segundo Denton, esse processo inédito de contestação desafia todos os modelos anteriores, que normalmente previam uma profunda deformação e uma mistura de materiais dos corpos envolvidos.

Quando o planeta anão e sua lua finalmente se separaram, o processo entregou muito calor em ambos, afirmam os autores, o que poderia ter sustentado a hipotética espessura do oceano de Plutão.

Esse suposto corpo líquido de água sob a crosta gelada do planeta não se localiza principalmente abaixo da chamada Sputnik Planitia, a área mais brilhante da formação geológica “coração de Plutão”.

O que chama a atenção neste estudo, afirma o autor sênior, Erik Asphaug, professor da Universidade do Arizona, é que as configurações do modelo que funcionam para capturar Caronte acabam colocando na órbita certa. “Você acerta duas coisas pelo preço de uma”, conclui.

Curiosamente, Éris, outro planeta anão localizado no Cinturão de Kuipertambém permanece em uma interação gravitacional binária com sua lua Disnomia. Pode ser que eles também tenham se beijado, apostam os autores.

“Estamos particularmente interessados ​​em entender como essa configuração inicial afeta a evolução geológica de Plutão”, afirma Denton, que prepara uma investigação mais profunda do modelo, para refina-lo.

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Fonte: CNN Brasil

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