No acumulado dos cinco primeiros meses de 2023, as renúncias fiscais concedidas pelo governo federal causaram um impacto R$ 51 bilhões nas contas públicas, de acordo com a Receita Federal.
Em entrevista ao WW desta terça-feira (25), o cientista político e CEO da Arko Advice Murillo de Aragão argumenta que, em meio às discussões sobre o peso das renúncias fiscais no orçamento federal, o corte de despesas está ausente no debate.
“Isso não está sendo colocado devidamente, apesar de que foi anunciado há uma semana, dez dias atrás, de que o governo iria estudar algumas medidas destinadas a cortar despesas. Mas, por outro lado, há uma pressão gigantesca por aumento salarial”, comenta Aragão.
Para o CEO, no âmbito da política fiscal, o equilíbrio fiscal se mostra mais importante do que atingir metas fiscais. “Isso é que constrói a credibilidade.”
Os movimentos para reeleição no governo deve agravar mais ainda, para Aragão, a questão dos cortes.
“Vai ser muito difícil, ou será um momento de algum drama político, ter um corte dramático de despesas num ano em que o governo ose prepara para disputar sua reeleição”, comenta.
Queda na arrecadação
Segundo os dados apresentados, houve uma queda de R$ 11,5 bilhões no valor que o governo deixou de arrecadar, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa diminuição reflete a retomada da tributação sobre combustíveis, realizada ao longo de 2023.
No entanto, a desoneração da folha de pagamentos resultou em uma renúncia de mais de R$ 7 bilhões até o momento. O governo projeta que haverá um crescimento das desonerações que beneficiam 17 setores da economia, devido ao aumento da massa salarial.
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