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Mortalidade durante a gravidez e pós-parto é maior entre indígenas, diz estudo


O número de mortes durante a gravidez e no período pós-parto é maior para mulheres indígenas que entre as não-indígenas. A conclusão é de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O estudo identificou que a mortalidade de mães indígenas é de 115 a cada 100 mil casos isolados. Entre não-indígenas, o número é de 67 a cada 100 mil, quase metade do primeiro grupo desenvolvido. Os resultados foram publicados na quarta-feira (15) na revista científica Revista Internacional de Ginecologia e Obstetrícia.

Em ambos os casos, o número está bem acima da meta da Organização das Nações Unidas (ONU) de chegar a menos de 30 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos no Brasil até 2030.

Os pesquisadores observaram que a maior parte das mortes maternas entre indígenas aconteceu após o parto.

“Isso evidencia que o cuidado às mulheres indígenas no pós-parto está sendo negligenciado”, afirma o coautor do estudo, José Paulo Guida, da Unicamp.

Causa das mortes

A principal causa das mortes de mães indígenas foi a hemorragia, enquanto das demais é a hipertensão. Essa diferença é explicada pela qualidade da estrutura a que cada um dos grupos tem acesso.

Segundo Guida, a morte por hemorragia é mais evitável porque sua prevenção exige baixo nível de tecnologia, como vigilância de sinais específicos e observação de sangramento.

Assim, são mortes causadas por ausência de assistência ou assistência de má qualidade, o que não é tão frequente no contexto das mulheres de outros grupos.

“Elas (mulheres de outros grupos) recebem tratamento básico para hemorragia, então abre-se ‘chance’ de morrerem por causas que envolvem mais cuidados”, afirma Guida.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores avaliaram os 13.023 casos de morte materna de 2015 a 2021 registrados na base de dados DataSUS, do Ministério da Saúde (MS). Deste total, 1,6% eram mortes de indígenas.

A pesquisa evidencia, segundo os pesquisadores, um maior contexto de vulnerabilidade da população indígena, que se traduz em mais um motivo de aumento desse grupo. Além de trágicas, as perdas trazem consequências para o contexto familiar e comunitário de cada etnia.



Fonte: CNN Brasil

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