Indígenas capturaram, nesta terça-feira (23), um grupo de garimpeiros que estava em Terra Yanomami na região do Homoxi, em Roraima. Segundo a Associação Urihi Yanomami (UAY), os invasores foram escoltados até agentes da Força Nacional que estão no território.
Os indígenas disseram que fizeram isso por estarem “presenciando o seu único meio de consumo de água contaminado por mercúrio, em razão da presença dos garimpeiros na localidade”.
Em um vídeo que registrou o momento, é possível ver um grupo com mais de dez garimpeiros, a maioria homens, chegando a pé ao local onde havia uma equipe da Força Nacional. Em seguida, os indígenas aparecem com flechas e espingardas.
Em nota, Urihi afirmou que informou imediatamente os órgãos federativos e aguarda um retorno sobre a retirada dos invasores da localidade. “A morosidade da extrusão de garimpeiros nas regiões mais isoladas do território tem sujeitado suas comunidades à violência de criminosos, com especial impacto sobre seus meios de sustentabilidade”, diz a nota.
A CNN Apurou que os garimpeiros serão levados por agentes da Força Nacional, na manhã desta quarta-feira (24), até a superintendência da Polícia Federal em Boa Vista.
A CNN também entrou em contato com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o Ministério Público Federal e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) sobre o ocorrido e aguarda retorno.
Região é uma das mais afetadas pelo garimpo
Em março do ano passado, uma operação conjunta do governo federal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, verificou a desmobilização de 137 acampamentos clandestinos de apoio logístico a garimpeiros ilegais e invasores. Na ocasião, o governo retomou o controle da comunidade Homoxi, que é uma das regiões com maior presença de garimpo ilegal na TI Yanomami.
Maior território indígena do Brasil, a Terra Yanomami enfrenta uma crise humanitária. Em 20 de janeiro do ano passado, o governo federal declarou situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional diante da crise sanitária e humanitária instalada no território indígena. Ao longo de 2023 diversas operações foram realizadas.
Entre as ações do Ministério da Saúde no território Yanomami destacam-se a ampliação do número de profissionais em atuação no território; a realização de testes em massa e busca ativa para detecção de malária; a criação dos primeiros Centros de Recuperação Nutricional na Casai e no Polo Base Surucucu; e a contratação de 22 nutricionistas e uso de 5 toneladas de fórmulas nutricionais com apoio da Unicef.
Por outro lado, as forças de segurança atuaram de forma ostensiva para retirar os invasores da terra indígena.
Para a Urihi Associação Yanomami, é preciso ressaltar que a realização de operações apenas para destruição de materiais e máquinas “torna-se inefetiva se não acompanhada de monitoramento e estratégias específicas nos pontos de entrada do território”.
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