Reutilizar o óleo de cozinha para outras frituras é uma prática muito comum, tanto em residências, quanto em restaurantes e lanchonetes. No entanto, um novo estudo feito em ratos mostrou que esse hábito pode ser prejudicial à saúde do cérebroprincipalmente quando feito com frequência.
A descoberta foi apresentada no Descubra o BMB 2024encontro anual da Sociedade Americana de Bioquímica e Biologia Molecularna segunda-feira (25), e será publicado no Revista de Química Biológica. O estudo mostrou que ratos que foram submetidos a dietas com óleos de cozinha reaquecidos exibiram níveis significativamente mais elevados de neurodegeneração em comparação com ratos que consumiram uma dieta padrão.
Uma pesquisa sugere que a neurodegeneração — ou seja, degeneração das células nervosas do cérebro — pode ocorrer devido à perturbação do eixo fígado-intestino-cérebroque desempenha um papel importante na regulação de várias funções fisiológicas e cuja desregulação tem sido associada a distúrbios neurológicos.
“A fritura a altas temperaturas tem sido associada a vários distúrbios metabólicos, mas não houve investigações a longo prazo sobre a influência do consumo de óleo frito e os seus efeitos nocivos para a saúde”, afirma Kathiresan Shanmugam, professora associada da Universidade Central de Tamil Nadu em Thiruvarur, na Índia, e líder da equipe de pesquisa, em comunicado à imprensa.
Segundo Shanmugam, esse é o primeiro estudo a relatar que a utilização de óleo de fritura a longo prazo pode aumentar a neurodegeneração.
Como o estudo foi feito e quais foram as descobertas?
Reutilizar o óleo para fazer frituras pode removedor de antioxidantes naturais e benéficos apresenta nenhum ingrediente. Além disso, o óleo reutilizado pode conter componentes contratados para a saúde, como gordura trans, acrilamida, peróxidos e compostos polares.
Os pesquisadores tentaram explorar os efeitos a longo prazo do óleo de fritura reutilizado. Eles, então, dividiram os ratos usados no estudo em cinco grupos, cada um recebendo apenas uma ração padrão ou uma ração com 0,1 mL (mililitro) de óleo de gergelim não aquecido, óleo de gergelim não aquecido, óleo de gergelim reaquecido ou aquecido óleo de girassol reaquecido por dia, durante 30 dias. Os óleos reaquecidos simularam o óleo de fritura reutilizado.
Os ratos que consumiram óleo de gergelim ou de girassol reaquecidos tiveram um aumento do estresse oxidativo e inflamação no fígado, em comparação com os outros grupos de roedores. Esses ratos também sofreram danos no cólonque provocaram alterações nas endotoxinas e lipopolissacarídeos — toxinas liberadas por bactérias.
“Como resultado, o metabolismo lipídico do fígado foi significativamente alterado e o transporte do importante ácido graxo ômega-3 do cérebro, DHA, foi diminuído. Isso, por sua vez, comprovado em neurodegeneração, que foi observado na histologia cerebral dos ratos que consumiram o óleo reaquecido, bem como de seus descendentes”, afirma Sugasini Dhavamani, pesquisador colaborador da Universidade de Illinois em Chicago, que apresentou o estudo no Discover BMB.
Mais estudos são necessários, mas os cientistas afirmam que a suplementação com ácidos graxos ômega-3 e nutracêuticos como a curcumina e o orizanol podem ser úteis para reduzir a inflamação do fígado e a neurodegeneração. Além disso, os pesquisadores ressaltam que são necessários estudos clínicos em humanos para avaliar os efeitos da ingestão de alimentos, principalmente os que são feitos com óleo reutilizado.
Como próximo passo, os pesquisadores pretendem estudar os efeitos do óleo de fritura em doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinsonbem como na ansiedade, depressão e neuroinflamação. Eles também gostariam de explorar mais o fundo da relação entre a microbiota intestinal e o cérebro para identificar novas formas de prevenir ou tratar a neurodegeneração e a neuroinflamação.
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